Nome Original: The Tree of Life
Gênero: Drama
Direção: Terrence Malick
Roteiro: Terrence Malick
Atores: Brad Pitt, Sean Penn, Jessica Chastain, Hunter McCracken, Laramie Eppler, Tye Sheridan e Fiona Shaw
Primeiramente gostaria de dizer que esse é um filme que foge do ordinário e dos padrões com os quais estamos acostumados, e por isso, pode não agradar muitos que costumam ir ao cinema em busca de distração. O longa, que levou 4 anos para ser editado, deve ser visto mais como uma reflexão do que como um mero entretenimento, e pode levar a diversas discussões de teor altamente filosófico, principalmente pelo fato de discutir as virtudes da força divina contra a natureza terrena, chegando a falar até da origem do universo.
A história gira em torno de Jack, um arquiteto vivido por Sean Penn, que relembra diversos momentos de sua infância, vivida no Texas na década de 50. Já no início do filme, descobrimos que seu irmão mais velho faleceu aos 19 anos, quando vemos sua mãe receber um telegrama com a notícia, porém, a maior parte da história se passa cerca de 7 anos antes. O enredo mostra basicamente a contrastante personalidade do pai, um homem rígido, que não admite desrespeito e trata os filhos como subordinados que devem acatar a todas as suas ordens, e a mãe, uma mulher carinhosa e que os ama incondicionalmente.
A trama, serve de pretexto para uma reflexão teológica e filosófica enorme, principalmente pelo fato de o filme fugir do convencional e não seguir uma história linear. Durante a projeção somos apresentados a imagens belíssimas, que a primeira vista aparentam não ter nada a ver com o enredo, desde a simplicidade de um pequeno inseto até o Big Bang. Em meio a tantas imagens ouvimos reflexões em off de alguns personagens, que fazem perguntas aparentemente banais, mas que escondem um alto teor filosófico. "Onde você mora?" revela uma dúvida não só sobre o local onde Deus mora, mas sim se ele realmente existe, "Por que eu devo ser bom se você não é?" mostra o abismo que separa o que dizemos e o que fazemos, e quais são os impactos de nossas ações e "Ele envia moscas às feridas que devia curar" mostra uma profunda revolta, e a sensação de que não temos o controle absoluto sobre nossos destinos, e que muitas vezes sofremos grandes baques, e não sabemos exatamente como reagir.
É importante entender que as muitas imagens apresentadas no filme também podem ser vistas como uma reflexão. Coisas simples como uma brincadeira do pai com os filhos, o voo dos pássaros pelo céu, uma forte chuva ou uma enorme cachoeira mostram o poder da natureza, e nos faz pensar o quão insignificantes cada um de nós somos individualmente, o que pode ser visto como uma nova metáfora na discussão "homem e Deus".
O filme, que muda de época constantemente, ora mostrando a relação das crianças com os pais, ora mostrando um dos filhos já crescido, e como essa relação moldou sua personalidade mostra que talvez o mais importante seja que a cada momento somos colocados em encruzilhadas, e que nossas escolhas não só nos influenciam, mas também a todos que estão ao nosso redor. Esse contraste apresentado durante toda o longa, que em alguns momentos nos faz sentir pequenos e frágeis, e em outros nos faz achar que somos poderosos, e temos controle não só sobre nosso destino, mas também sobre o destino dos outros talvez seja a maior reflexão do filme. Afinal, a principal pergunta, que talvez seja uma das mais difíceis de enxergar é "o homem é uma criação de Deus ou deus é uma criação do homem?".
Indico o filme a todos que estão dispostos a sair do seu conforto por pouco mais de 2 horas e refletir a repeito de um tema que muitas vezes não debatemos, ou quando o fazemos, não ouvimos a opinião dos outros e apenas repetimos o texto que nos foi ensinado, tentando-os convencer de que nós estamos certos e que praticamente todos os outros estão errados. Confesso que é um filme pesado, e que não é o tipo que compramos para assistir em um dia de chuva, e sim um que assistimos quando estamos um pouco mais inspirados e dispostos a pensar. Vale a pena não só pela reflexão, mas também pela ótima atuação de Brad Pitt e dos atores mirins, e da brilhante fotografia, que deixaria qualquer repórter do National Geographic com inveja.
Meo, agora que eu li o que você escreveu entendi umas partes. tinha viajado numas oras mas o filme é bom sim.
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